Atenção: contém spoilers
O único motivo que me levou a ver esse filme foi achar que seria parecido com A Órfã e todos sabem o quanto eu gosto de ver filmes ruins. Tinha esperança de que não fosse mais um filme sobre crianças malignas que matam por diversão e que, quem sabe, eu me surpreenderia positivamente. Joshua (Jacob Kogan) é um menino de nove anos bastante peculiar. Extremamente inteligente, um prodígio no piano e bastante fechado. Quando sua irmã Lily nasce, a vida da família de Joshua começa a se desintegrar. A menina não para de chorar, a mãe (Vera Farmiga) entra em depressão e o pai (Sam Rockwell) tenta ajudar, mas nunca parece interessado o suficiente.
A princípio, fiquei bastante irritada com o filme. Primeiro porque estou cansada de filmes sobre crianças más fazendo coisas más sem muita explicação ou com explicações ridículas como A Órfã e Caso 39. O final foi bastante confuso e por isso resolvi ler alguns artigos sobre o filme e, quanto mais eu lia, mais eu notava o quão bom esse filme realmente é. E foi então que notei que era isso que eu esperava de A Órfã. É bastante óbvio desde o início que Joshua sofre de alguma doença psicológica (cheguei a cogitar asperger ou então sociopatia) e ao longo do filme vamos descobrindo, junto de Joshua, como o ambiente onde ele vive influência para que sua doença piore. O menino sempre se sentiu diferente das outras pessoas e o nascimento da irmã comprova que a algo errado com ele. Joshua nunca recebeu amor da família por ser diferente, mas para ele isso era normal. Apenas vendo que a irmã recebe o carinho que ele nunca recebeu é que ele percebe que não é amado.
O diretor e roteirista George Ratliff utiliza os detalhes para narrar a jornada psicológica pela qual Joshua está passando, pequenas atitudes e conversas que vão costurando a história. O menino parece não pertencer à família e na maioria das cenas sempre aparece fora do grupo. Quando Lily nasce, Joshua observa de longe a mãe e o pai com o bebê no colo. Quando ela vai para casa, todos ficam na volta enquanto Joshua toca piano no fundo da sala. A cena mais óbvia é quando os pais estão com a menina no quarto e Joshua aparece na porta e diz que os ama e eles apenas o encaram.
O filme tem algumas cenas assustadoras, uma fotografia bonita e um roteiro bem costurado. As atuações estão bastante convincentes, especialmente Sam Rockwell que, para mim, é um dos melhores atores da atualidade. Jacob Kogan (que interpretou o jovem Spock, no novo Star Trek) é bastante promissor e se não se prender ao mesmo tipo de papel pode ir longe. Joshua - O Filho do Mal (ainda estou tentando engolir esse título e a mania brasileira de deixar tudo óbvio) é um filme bom, mas poderia ser excelente se, ao invés de se rotular como um filme de suspense, fosse um drama sobre aquele menino e como os pais (e a sociedade) lidam com isso. É ao se apegar ao clichê que Ratliff perde uma grande oportunidade.
Joshua (2007)
Direção: George Ratliff
Roteiro: David Gilbert, George Ratliff
Elenco: Sam Rockwell, Vera Farmiga, Jacob Kogan, Dallas Roberts, Celia Weston
8 comentários:
Esses filmes de crianças malignas são recheadas de clichês. Por conta disso, é meio que um tiro no pé a produção ser vendida como "mais um filme de criança maligna" se ela pode oferecer algo além disso. Acho sempre complicado a coisa do "ah, Fulaninho tem tal doença e por isso ele é assim" porque fazer diagnóstico com criança é muito delicado, muita coisa pode mudar ainda. Então se o filme se focar mais nas atitudes do personagem e no desenvolvimento do mesmo do que no "o que ele tem", melhor.
Eles demonstram bem o que ele tem e porque ele é assim. Só desgosto de ser um filme de suspense. Porque tenho pena do menino.
A mini-resenha que fiz quando vi o filme (contém spoilers):
Mulher dá à luz a segundo bebê e isso abala o primogênito, que se sente pouco querido pelos pais. O menino compara seu comportamento ao da irmã recém-nascida e, de forma inexplicável, a menina passa a chorar incessantemente, colocando em risco a saúde física e mental da mãe. Paralelamente, fatos estranhos ameaçam de diferentes maneiras o restante da família. Narrativa repleta de conflitos psicológicos que revelam influência da filmografia de horror de Polanski. Questiona de maneira chocante a ingenuidade e a manipulação infantis, sugerindo ainda a homossexualidade como desvio de caráter.
O que me abalou no filme foi a paixão do menino pelo tio, e o que ele foi capaz de fazer para ficar com ele. Até na musiquinha que eles tocam no final a letra deixa isso bem claro.
No mais, parabéns pelo texto! Tá me animando a escrever mais. *-*
Paloma por que vc ñ entra mais no meu blog?
Carol o teu blog aparece para mim como desativado. Então não sei exatamente como eu iria entrar lá. Mas te faço uma pergunta: por que é que, ao invés de vir aqui comentar sobre como eu não comento lá, você não faz comentários produtivos sobre as coisas que eu posto?
Beatriz, muito tri a tua crítica :) Que bom que eu estou te inspirando hehehe Pelo menos para algo o Judas tem que servir.
Eu acabei de ver o filme...E não entendi muito bem...mas agora ele faz sentido pra mim.o garoto era mesmo problemático,porque não era amado pela família...
mas eu não consigo enxerga-lo como uma vitima,mesmo assim,porque ele assassinou sua própria avó.E depois,ele poderia muito bem,buscar ajuda de varias formas,ou seja,ele era meio psicopata.Então é obvio que ele é o vilão da história,mesmo sendo vitima,por ter agido tão friamente,e não ter buscado ajuda de outras formas
Achei triste a história
Odiei o final do filme,pois o pai é preso por uma provocação do menino,a mãe termina como se tivesse louca e o menino fica com o tio,o menino que era o verdadeiro vilão da história poderia ter se dado mau,ou poderiam fazer uma coisa impossível para este filme("Um final Feliz").
Espera ai, quero ver se entendi direito.
Você não gostou de "A órfã" e gostou dessa porcaria????? Oo
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